domingo, 20 de março de 2016

Crítica - "Velho Chico" supera em qualidade estética e narrativa aprimorada

O bom e velho Benedito Ruy Barbosa está de volta. Com uma história que se passa no interior, "Velho Chico" sai da temática urbana das telenovelas da Rede Globo no horário das 21h00 com uma produção rica em imagens bem trabalhadas e uma narrativa consistente e bem escrita. 

Após uma semana de exibição, a trama de Benedito Ruy Barbosa vem conseguindo bons índices de audiência no horário de exibição. A proposta estética das imagens, implantada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, foge do comum valorizando os conceitos culturais da região nordeste. 

Os movimentos de câmera (travelling) mostrando o rio São Francisco, principal cenário da novela, faz o telespectador viajar por uma região que, até então, era pouco mostrada na televisão. Os enquadramentos utilizados, com personagens posicionados mais ao canto do vídeo, aproximando-se de uma técnica usada no cinema. 


Rodrigo Santoro com o dir.
Luiz Fernando Carvalho
Outro mérito do diretor Luiz Fernando Carvalho é a iluminação utilizada nas cenas. Carvalho começou sua carreira na TV como iluminador. Teve seu trabalho reconhecido dentro da Globo até chegar à função de diretor em algumas novelas e minisséries e diretor principal em sua primeira empreitada com Benedito Ruy Barbosa, em "Renascer". A luz bem elaborada aliada aos movimentos e tomadas de câmera, proporcionam uma qualidade visual aprimorada para quem assiste. Soma-se a isso, o cenário natural da região onde está sendo gravada a novela. 

A trama de Ruy Barbosa conta a história de Afrânio (Rodrigo Santoro/Antônio Fagundes). Inicia-se na década de 1960, primeira fase. Afrânio, filho do poderoso Coronel Jacinto é obrigado a retornar de Salvador para a fictícia Grotas de São Francisco, para assumir o lugar do pai, que comandava a política e a economia local. Apaixonado por Iolanda, mas obrigado pela amargurada mãe Encarnação, que ainda sofre pela perda de seu filho mais velho, morto nas águas do São Francisco, Afrânio parte numa viagem pela região para reafirmar alianças que seu pai mantinha. Em sua viagem, conhece Leonor, que acaba por lhe atiçar o desejo, e se envolvendo cada vez mais, o pai da moça obriga a se casarem.
Larissa Góes em cena da novela

Um bom e típico folhetim que tanto fazia falta às novelas da Globo está de volta, finalmente. A novela tem um ritmo mais lento, característica comum nos trabalhos do Benedito. Mas tem uma história bem amarrada com núcleos que têm relação entre si e personagens fortes, intensos e que são importantes para uma boa história contada. 

Se o público adaptar-se à proposta da novela, tem grandes chances de fazer sucesso no horário. Algo que a Globo sonha há alguns anos. 


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